sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ponto final

     Eu estava sentado em um banco debaixo de uma cobertura numa praça, estava chovendo e logo fiquei agoniado, pois teria que esperar a chuva passar pra ir para casa, morava um pouco longe. Então puxei do meu bolso esquerdo um maço de cigarros, um Lucky Strike red, retirei um cigarro do maço, coloquei na boca e coloquei o maço de volta no bolso. Acendi o cigarro com um isqueiro em seus últimos dias de gás e tragava calmamente aquilo que chamo de veneno.

     O movimento na praça estava escasso, pessoas sem guarda-chuva corriam para onde havia cobertura e logo ganhei companhia na cobertura onde estava.

     Minha mente estava a milhão, atirando uma rajada de pensamentos dos quais eu não conseguia segurar e refletir apenas um. Enquanto as pessoas ao me redor tentavam a todo custo desviarem-se da fumaça do cigarro. Eu estava com um fone nos ouvidos e ao mesmo tempo com a cabeça longe, eu sabia que tinha pessoas ao meu lado na cobertura, tentando escapar da chuva, mas não as percebia ou simplesmente não ligava.

     No meu fone tocava Arctic Monkeys, enquanto eu tentava derrubar um pensamento para poder pensar apenas nele, mas minha cabeça não permitia, eu me perguntava porquê estava na praça fumando cigarro, porquê eu bebo pra tentar esquecer algumas dores, porquê amar é tão maravilhoso e pode ser ao mesmo tempo o veneno da pior cobra, porquê as pessoas na praça evitavam interagir, inclusive eu. Por onde andava todo o senso e toda a ética que me fizeram crer enquanto eu crescia? As pessoas pareciam ter perdido sua simpatia. Mas que merda, eu vejo essas pessoas congeladas, falando da vida como se soubessem os pontos fracos dos vilões e dominassem as saídas de seus pensamentos mais obscuros escondidas em sorrisos forçados.

     Meu pulmão ardia a cada tragada, enquanto eu tentava buscar resposta das centenas de perguntas que pairavam em minha mente. Meu celular no aleatório foi de Monkeys à Joy Division, Shadowplay ia colocando minha cabeça em outra atmosfera, o cigarro tava pelo meio, a chuva tava passando e as pessoas aos poucos iam saindo da cobertura onde eu tava.

     Eu queria colocar um ponto final nessas várias perguntas que rodavam minha cabeça. Novas perguntas vinham à minha mente; Por que eu moro longe; Por que eu tenho que andar isso tudo pra chegar em casa; Por que o homem com sua capacidade ilimitada não criou um meio de teletransporte? Assim, em um piscar de olhos, eu já estaria deitado em minha cama, ouvindo John Coltrane e olhando pra luz no teto, procurando, inclusive, as meras respostas.

     Realmente, são milhares de perguntas caçando cautelosamente cada resposta, perguntas abstratas e objetivas, existenciais e sentimentais, sobre a vida na terra e fora dela, sobre as pessoas sóbrias e pessoas loucas, sobre tudo que estava ao meu redor e num contexto no qual eu não tinha como escapar. O cigarro chegava ao final e eu percebi que não há ponto final porque eu sempre irei achar as respostas perdidas nas reticências...

sábado, 27 de julho de 2013

amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito...

quantos amigos cabem em um peito?
quantos peitos cabem um amigo?

afinal, o que é amizade?

eu vejo a amizade como um dos sentimentos mais belos que tem, já que une todos os tipos de sentimentos, dos bons aos ruins e tudo isso pode se tornar essencial para a formação do alicerce de uma amizade que pode ser eterna, assim como pode ocorrer o contrário também.

eu acho que a verdadeira amizade faz seu alicerce quando as pessoas agem por instinto. o instinto pode ser várias vezes um sentimento inconsciente, mas que faz com que a gente aja com sinceridade diante das coisas que nos acontecem, afinal, é instinto. por tabela vem amor, confiança, companheirismo e uma série de outros sentimentos.

qual o tempo e atitudes necessárias para nossos corações sentirem que aquela amizade é verdadeira? isso pode não passar de simples ilusões.

o ser humano está acostumado ao ciclo do puro egoísmo, as pessoas só conseguem olhar o próprio umbigo, excluindo de vez o instinto.

é tão fácil conhecer pessoas, chamá-las de amigos, contar segredos e se fascinar diante das palavras de companheirismo, e por essas questões muitas vezes nos entregamos ao bom sentimento que a amizade proporciona e esquecemos que todos nós somos seres com falhas e que muitos que estão ao nosso lado na verdade estão por puro interesse próprio, mas máscaras sempre caem.

esse clichê infinito me pôs numa margem de cisma, que se eu desconfiar de uma pessoa, já era!

será que há amigo melhor que o seu próprio eu?

você já se traiu? eu já me traí várias vezes, mas aprendi.

hoje em dia me entristeço em ter que aceitar a condição de não poder me entregar as amizades porque sei como funciona as condutas e sei de todas a possibilidades. não posso ficar cego, quanto mais cego ficamos, maior é a surpresa e a indignação e uma decepção constante: não esperava isso dessa pessoa!

e como eu já disse... temos que esperar tudo de todos.

várias pessoas ao nosso lado, nos abraçam, dizem ser irmãos, mas se algo for favorecê-lo, tendo como caminho a sua queda, ele não vai pensar duas vezes em te derrubar, derruba sem dó.

e hoje estou aqui, um lobo solitário no meio da matilha, meu irmão além de mim só sou eu, eu me sinto e sou só, mas não de uma forma regressiva, não falo da solidão que nos traz carência, mas a solidão que impõe o bem-estar da minha sobrevivência diária diante de tantos parasitas...

as pessoas chegam e querem levar o seu melhor, querem derrubar seu astral, mas não comigo. viva os verdadeiros amigos, esses, que nem sei quais são mais. foda-se!

acordado sempre, pois os dois olhos abertos vão nos permitir uma visão além do alcance, só os fracos se entregam...

quantos amigos cabem em um peito? eu!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

i am a sinner who's probably gonna sin again

eu já falei tanto da vida, mas sobre o que mais eu irei escrever, já que tudo que acontece é porque estou vivo; vida.

nunca mais eu escrevi algo com esse teor tão pensativo e tão cru, mas foi porque eu realmente estava com preguiça de tecer algo desse tipo, porém, as vezes é sempre bom perder alguns minutos pra soltar algumas palavras.

e cá estou eu, tão novo, achando que já sabia o suficiente da vida, achando que eu poderia manipular os ciclos de relações, da rotina, dos sentimentos, mas nas esquinas de cada ciclo sempre haverá uma surpresa para nós que achamos que tudo está nos trilhos.

todos nós somos obstinados ao pecado e muitos subordinados ao perdão, nós erramos pra acertar e acertamos pra errar. na medida que erramos, as pessoas erram com nós, mas isso tudo é muito imprevisível e estamos a mercê das surpresas.

a vida veio e me ensinou muito cedo que eu tenho que confiar apenas em mim, eu sei lá o que se passa na mente das pessoas, as palavras são tão fáceis de serem ditas, mas o que concretizam as palavras são os gestos. os gestos valem mais que palavras de afetos ou qualquer coisa que possa ludibriar seus sentidos.

o amor ta aí pra retribuir e ser retribuído. as palavras são o ponta pé, são coisas que podem nos assegurar por momentos, mas os gestos são os elos que cria a eternidade das relações e são através deles que você percebe se vale a pena ou não arriscar.

a vida ensina também a esperar tudo de todos, o amor nunca poderá ser maior que a razão, mas tem que andar de mãos dadas com o mesmo, o meu egoísmo me livrou de tantas e até hoje me livra, a decepção é uma droga, mas só se decepciona quem se apega demais.

o apego pode ser bom para muitos, mas em demasia, será sempre uma ameaça ao seu bem estar e a sua autoestima.

eu não posso manipular os ciclos porque sempre haverá terceiros, mas eu posso lidar com as situações que me ocorrem através da minha autoestima e experiência de vida, por mais que eu fique surpreso, eu nunca irei cair no abismo do sofrimento.

se temos o conceito de que ninguém presta, não preste.
se temos o conceito de que há exceções, seja uma exceção pra uma exceção, mas sempre alerta, porque os conceitos também enganam.

nós nos enganamos, enganamos as pessoas e pessoas que são enganadas, nos enganam também. então você vai ser sempre uma pessoa passiva? dê um pouco, mas sempre queira mais.

ah, deu uma ligeira preguiça de terminar esse texto...

quinta-feira, 30 de maio de 2013

pequeno

talvez pequeno,
quase nada,
nada pra mim,
é como uma avião
que passa sob meu teto,
e eu aceno pois não quero carona...

terça-feira, 21 de maio de 2013

vaga

eu gosto de correr por aí
conhecendo tudo que posso,
se eu caio eu nem me importo,
sei como são as coisas assim.

afasto parasitas que não querem
ser passivos ao meu cigarro,
e não vejo quem quer me proteger
enquanto eu estou ficando bêbado.

eu não me lembro.

só me recordo do deguste da calma,
e o silêncio do meu ser, em sono...
 
 
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